sexta-feira, 15 de abril de 2016

SONETO DE PABLO NERUDA



A LUZ que de teus pés sobe a tua cabeleira,
a turgência que envolve tua forma delicada,
não é de nátar marinho, nunca de prata fria:
é de pão, de pão amado pelo fogo.

A farinha acumulou seu celeiro contigo
e cresceu incrementada pela idade venturosa,
quando os cereais duplicaram teu peito
meu amor era o carvão trabalhando na terra.

Oh, pão tua fronte, pão tuas pernas, pão tua boca,
pão que devoro e nasce com luz cada manhã,
bem-amada, bandeira das fornadas,

uma lição de sangue te concedeu o fogo,
da farinha aprendeste a ser sagrada,
e do pão o idioma e o aroma.

4 comentários:

Anônimo disse...

Levemente erótico...como eu gosto!

Um beijo

Elvira Carvalho disse...

Neruda é sempre escolha de eleição.
Um abraço e bom fim de semana

chica disse...

Mais um lindo poema aqui! Ótimo fds! bjs, chica

MARILENE disse...

Renata, suas escolhas são preciosas. Gostei demais. Bjs.