domingo, 28 de fevereiro de 2016

NEM SEMPRE O QUE SE VÊ É O QUE PARECE SER


1975




Por trás de um bonito rosto posso encontrar a bela natureza divina que existe em mim...



Por trás de um rosto desconhecido, pode estar a minha alma gêmea...



Na alma de uma senhora de cabelos grisalhos, pode estar a fonte da juventude...


Na mente de um senhor velho e cansado, posso encontrar o caminho para a sabedoria...


Por trás do olhar fixo no horizonte, posso encontrar a mãe divina que alimenta a minha alma...


QUANDO JULGAMOS UMA PESSOA, PERDEMOS A OPORTUNIDADE DE AMÁ-LA.
A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

SONETO



SONETO

No distante e deserto jardim pelas
Flores que se confundem com estrelas,
Estende-se um tapete só de folhas:
Vem, vai, anda, porém jamais as colhas;

Nunca sabemos sobre o que pisamos:
Se rosa, espinho, amor-perfeito ou ramos.
Todavia, atenção! Quem sabe o rio,
Cheio de dor e inquieto, com seu brio,

Rebente, inunde o mundo com as águas
Repletas só de lágrimas e mágoas.
Ou talvez tenha então pena da gente,

E espalhe a sua prata tão silente,
Enchendo os nossos olhos de esplendor,
Como um perfume em noite só de amor...

Renata Cordeiro

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

SONETO



SONETO

Paro no tempo, movo-me no espaço,
Ando e viro na curva de uma estrada
Sem começo, sem fim e sem pousada,
E ouço, na sombra, a fuga dos meus passos.

No chão vermelho, caem do azul lasso
Só lágrimas de tempo concentradas
Que são por filtro mágico passadas,
Gotejando nos múltiplos cansaços.

Amortalha-me o espesso véu da noite,
Estou só e não tenho quem me acoite,
E ninguém pode ouvir o meu lamento.

Corro, respiro, busco uma saída,
Mas me apunhala toda a dor da vida,
E mergulho no sumo esquecimento.

Renata Cordeiro

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

SABIA


SABIA



Do brilho dos olhos,
Da brisa calma,
Da doce alma,
Das flores da saliva.
Sabia de tudo
Da vinda
Da chegada
Quis ser
Capturada
Pelos laços,
A cativa
A implorar
A liberdade
Em teus braços
Nesta tentativa
Evitei o que de teu
Rumava ao meu eu
Mas resisti,
E tanto que,
Num encanto,
Me perdi.

Ao "Diário de uma Paixão"

@ Renata Cordeiro

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

... E DEUS NOS CRIOU PARA QUE NOS AMÁSSEMOS...






... E DEUS NOS CRIOU PARA QUE NOS AMÁSSEMOS...



A noite é linda 
inda palpita no mar 
a lua cheia a se esvair em luar 
Vem, ó minha amada 
e fica linda e sem véu 
como essa lua no céu 

Eu sou o mar 
Ó meu amor, diz que sim 
E vem pousar o teu luar sobre mim 
Vem que todo dia 
cada noite tem um fim 
só para nos separar 

Ai, minha amada 
madrugada chegou 
e a sua luz me diz que devo partir 
Mas meu coração 
não compreende a razão 
de me arrancarem de ti 

É tanta a mágoa 
desta separação 
que já meu corpo chora a falta do teu 
Que esses cantos meus 
são como prantos de adeus 
por me arrancarem de ti 

Vinicius de Moraes

sábado, 13 de fevereiro de 2016

HAPPY VALENTINE´S DAY




São Valentim é um santo reconhecido pela Igreja Católica e Igrejas Orientais que dá nome ao Dia dos Namorados em muitos países, onde celebram o Dia de São Valentim. O nome refere-se a pelo menos três santos martirizados na Roma antiga.
O imperador Cláudio II, durante seu governo, proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Cláudio acreditava que os jovens, se não tivessem família, iam alistar-se com maior facilidade. No entanto, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentim e as cerimonias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega, Artérias, filha do carcereiro, a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim. Os dois acabaram apaixonando-se e, milagrosamente, a jovem recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentim”, expressão ainda hoje utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de fevereiro de 270.
Entretanto, desde 1799 sua data não é mais celebrada oficialmente pela Igreja Católica em função da precariedade de comprovações históricas que levam em questão até mesmo a sua existência. 

FONTE: Wikipédia

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

DE TANTO BATER MEU CORAÇÃO PAROU





DE TANTO BATER MEU CORAÇÃO PAROU



Cada nova sensação, cada novo acontecimento nos surge como uma lufada de ar fresco num cotidiano permeado pelos mesmos odores que aprendemos a conhecer de cor. O cheiro da rotina. O cheiro do medo. O cheiro da certeza. Mas, subitamente, e por uns breves momentos, reaprendemos a respirar. O peito se abre. Os pulmões se enchem de ar e de esperança. E o coração, romantizado até à exaustão, ergue a sua batuta e define um novo ritmo. A vida começa onde o convencional acaba. Alegria. Tristeza. Amor. Dor. Experimentamos um pouco de tudo ao longo desta vida, ou pelo menos, tentamos. Corações expostos sem a armadura que só a vida constrói. A inocência da infância e da adolescência leva-nos a abrir o peito a tudo e a todos sem pensarmos nas infecções que provocam e que só o esquecimento ensina a sarar. Alguns batem somente para receber, como senhores de reinos místicos e desertos. Outros vivem em permanente saldo negativo, dando sem parar e jamais recebendo a recarga necessária à sua sobrevivência. Sempre me perguntei por que se associa o amor ao coração humano, em especial se considerarmos a diferença entre aquilo que pulsa dentro de nós e as suas desencantadas representações nos cantos das páginas que guardam os nossos segredos. Se amamos com o corpo todo, por que só o coração ganha o mérito? Mesmo destruído, se impõe como o vencedor. Talvez por que seja o único órgão sem o qual não podemos funcionar? Talvez. Ou talvez por que não passa de um emaranhado de sangue, nervos e convulsões, como tudo o que é autêntico? Provavelmente. Tudo em nós ama e só depois de mortos é que temos autorização para deixar de o fazer... somos seres orgânicos a quem foi concedida a bênção de pensar. Todo o resto é química, seja lá o que isso for. Por que sorrimos? Por que choramos? Por que contemplamos a nossa própria mortalidade? Por que amamos? Tudo é inexplicável e, talvez por isso, tão belo... Procuramos significados onde não existem. Exigimos que nos apresentem um roteiro que possamos seguir indiscutivelmente. Voamos sem asas. Sonhamos sem dormir. Amamos sem sentir. As fórmulas científicas de nada servem. Aquilo que sentimos ultrapassa a nossa vontade. Vivemos presos. Alguns, prisioneiros dos seus pensamentos, outros dos seus sentimentos. Sofrimento inglório, impossível de combater.De tanto bater o meu coração parou. Bateu vezes demais e eu nunca deixei de lhe exigir mais e mais. Cada paixão, cada expectativa, cada sonho o levava ao limite de batidas. Depois, a realidade batia à porta e me obrigava a tropeçar e, por uns instantes, era-lhe permitido descanso. Até que certo dia ele se apoderou do meu calendário, e, desde então, uma sobrecarga de emoções obrigou-o a parar. As coisas boas misturaram-se com as más e tudo deixou de fazer sentido. Ainda revejo e sinto o último batimento. Depois nada... E a brisa transformou os dias em semanas que cresceram para meses. Nada... Os elogios tinham gosto de areia. No peito nada se mexia. Os beijos faziam comichão no céu da boca. No peito nada se mexia. Os golpes, por mais dolorosos e profundos que fossem, eram mastigados como chicletes e deitados fora antes de perderem o sabor. Mas no peito tudo permanecia no mais profundo silêncio. Até que surgiu a recarga elétrica que parecia fraca demais para reanimar fosse o que fosse. De repente, gritaram-se palavras de amor. O corpo agitou-se na sua infinita dança de sedução. Ambos exigiram que aquele saco de sangue amorfo e ridículo renascesse. Uma batida de cada vez. O compasso de uma música sem fim à vista. E assim, o que jazia morto se reergueu. Acordou, olhou em volta, e apesar de não ter gostado do que viu, insistiu em continuar a sua música. Mas, como tudo o que regressa, voltou diferente do que quando partiu. Bate agora frágil, meio vazio e desconfiado. Mas bate... e segue batendo. Numa fração de segundo que durou uma vida, o meu coração parou. Até que se lembrou de que nasceu para bater e decidiu que só pararia quando não houvesse nada no mundo pelo qual valesse a pena cantar a sua melodia. Ainda há muitas conquistas e mágoas por comandar. Quando já nada mais houver para sentir, então aí terá chegado a hora do descanso merecido e duradouro. Até lá... apenas viver. Batimentos ritmados... pulsações descompassadas... melodias excêntricas e incertas... até o fim... até o último acorde vibrar... até a música deixar de ter história e as notas perderem o som...



Mensagens de Amor

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

VIVER



VIVER


Se leva o prazer à dor
e se a dor leva ao prazer
viver é tão-só correr
eternamente ao redor
da esfinge de todo amor!

É muito esquisita a esfinge
e o seu rosto não se atinge...;
mas em segredo eu o vi,
é a esfinge esqueleto em si,
todo amor a morte extingue.

ÁNGEL GANIVET (1865-1898)

Tradução de Renata Cordeiro