terça-feira, 29 de março de 2016

HOJE EU VOU DE OSHO



HOJE EU VOU DE OSHO




"Se insistes na idéia de que és dançarino, 

a vida continuará a vir por

 aquela porta, pois pensa que és mesmo dançarino. 

Sempre bate à tua porta, mas não estás. 

És bancário. 

E como a vida vai saber que te tornaste bancário?

Deus vem a ti da maneira que Ele quer que sejas 

conhece tão-só aquele endereço 

Porém,  nunca estás 

Estás em algum outro lugar 

por detrás da máscara de alguém que não és 

com vestes e identidade alheias 

Como esperas que Deus possa encontrar-te? 

Ele segue à tua procura 

Sabe o teu nome, porém já não tens o teu nome 

Conhece o teu endereço, mas nunca moraste lá 

Permitiste que o mundo de ti se desviasse.” 

quarta-feira, 23 de março de 2016

ERA UMA VEZ....



ERA UMA VEZ....


Era uma vez um homem e uma mulher. Perdidamente apaixonados. Para o homem, a beleza daquela mulher era algo que ninguém, no mundo, pudera contemplar: mística, sensual, e linda como a flor das flores: a rosa. No seu rosto, porém, havia algo singular: um sinal branco no olho direito. Marca tão ínfima como um grão de sal. A princípio, o homem não percebeu esta marquinha. O tempo passou. E a mulher não sentia mais o coração ardente do amante. Tinha a certeza de que ele a amava com indiferença e frieza.

Certo dia, pegou-a pelo queixo e franziu as sobrancelhas.

- Deixe-me ver o seu rosto!! Você tem uma marca no olho! Desde quando?

- Desde o dia em que você deixou de me amar!*

Ele a abraçou e sussurrou:

- Como? Se é justamente esta marca que faz com que eu a ame sempre mais e mais...**



@ Renata Cordeiro

sexta-feira, 18 de março de 2016

OS VERSOS QUE TE FIZ, SONETO DE FLORBELA ESPANCA






OS VERSOS QUE TE FIZ

Florbela Espanca

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!


quarta-feira, 9 de março de 2016

ATALAIA, POEMA DE DANIEL COSTA



ATALAIA

Daniel Costa

Não sou voyaer
Não resisto de mansinho
Apreciar uma linda mulher
Naquela praia de brancas areias
Ali à beirinha do mar
Passava uma mulher bela
Não resisti
Fixei o olhar nela
A meus olhos
Que mulher bela!
Naquela praia
Elegante bonita singela
De atalaia, via-a como sereia
Oh que mulher bela!
Calma serena
Sonhava com a visão
Visão terrena
A mulher absorta passeava
Como numa verbena
O cheiro a maresia, um gosto
Na minha atalaia
Esquecia, passava a mulher
A mulher, tal faia
A despertar dalgum torpor
A mulher elegante bela
Será isto platonismo
Ternura ou platónico amor?

http://danielmilagredanieldaniel.blogspot.com

segunda-feira, 7 de março de 2016

TRAJETÓRIA EM PRETÉRITO PERFEITO




TRAJETÓRIA EM PRETÉRITO PERFEITO

Compus uma canção
Pintei um nome
Bordei uma cruz
Dei pontos sem nó
Plantei um pé de manacá
Semeei grãozinhos
Rabisquei umas linhas
Suei o sal da terra
Percorri vales e desertos
Perdi o rumo
Sussurrei palavras ao vento
Amei o amor
Tive um filho
Sucumbi a chuvas e tantas penas
Ardi em labaredas
Ressurgi das cinzas
Lavei as culpas
Esperei a alvorada
Cantei com a passarada
Gritei a dor profunda
Presenciei o horror paralisada
Resisti a tempestades
Agarrei fumaça
Teci fios de seda
Passei por aqui*


Renata Cordeiro

sexta-feira, 4 de março de 2016

MOMENTOS



MOMENTOS



Numa tira de papel
– uma das tantas folhas que carrego - ensaio
um poema e me lembro – quando muito – de uma canção
Ao redor, cenas perfeitas nos gestos
E rostos desconhecidos
E você monta num roteiro imaginário
Diálogos não ouvidos, reconstruindo
Num piscar de olhos a vida, um teatro?
Olhos abertos, submergimos em nossa própria história
ah, essas águas contidas que às vezes
rompem barragens e nos arrastam no turbilhão...
Essas pupilas que se refletem não precisam de linguagem;
são dois espelhos cara a cara à procura de uma imagem
quando a vêem são muitas, divididas
Girar a roda do tempo
tornar àquela praia, falar ao vento
e às ondas do mar do ponto
em que se se cruzaram - estranhos – nossos caminhos...
entre quatro paredes reviver os momentos de prazer
e dor antecipada da tristeza mais funda deste mundo...
As mil histórias que vivemos rebelam-se
à escritura, não querem perenidade à falta de futuro
talvez só um pouco de ternura, querem ser presente,
mesmo que efêmera felicidade


® Renata Cordeiro