segunda-feira, 11 de abril de 2016

POEMA nº 06, DE PABLO NERUDA



POEMA nº 06, DE PABLO NERUDA


Recordo-te como eras no outono passado.

Eras a boina cinzenta e o coração em calma.

Fincada nos meus braços como uma trepadeira,


as folhas recolhia a tua voz lenta e em calma.

Sinto viajar os teus olhos e é distante o outono:


boina cinzenta, voz de pássaro e coração de casa

Céu visto de um navio. Campo visto dos montes:


a lembrança é de luz, de fumo, de lago em calma!

Nos teus olhos lutavam as chamas do crepúsculo.

E as folhas caíam na água da tua alma.

Fogueira de estupor onde a minha sede ardia.

Doce jacinto azul torcido sobre a minha alma.

para onde emigravam os meus profundos desejos

e caíam os meus beijos alegres como brasas.

Para lá dos teus olhos ardiam os crepúsculos.

Folhas secas de outono giravam na tua alma.

2 comentários:

chica disse...

Neruda sempre maravilhoso! Adoro! bjs, linda semana,chica

Daniel Costa disse...

Renata

Quem não gostará da poesia de Pablo Neruda?
Beijo