sexta-feira, 4 de março de 2016

MOMENTOS



MOMENTOS



Numa tira de papel
– uma das tantas folhas que carrego - ensaio
um poema e me lembro – quando muito – de uma canção
Ao redor, cenas perfeitas nos gestos
E rostos desconhecidos
E você monta num roteiro imaginário
Diálogos não ouvidos, reconstruindo
Num piscar de olhos a vida, um teatro?
Olhos abertos, submergimos em nossa própria história
ah, essas águas contidas que às vezes
rompem barragens e nos arrastam no turbilhão...
Essas pupilas que se refletem não precisam de linguagem;
são dois espelhos cara a cara à procura de uma imagem
quando a vêem são muitas, divididas
Girar a roda do tempo
tornar àquela praia, falar ao vento
e às ondas do mar do ponto
em que se se cruzaram - estranhos – nossos caminhos...
entre quatro paredes reviver os momentos de prazer
e dor antecipada da tristeza mais funda deste mundo...
As mil histórias que vivemos rebelam-se
à escritura, não querem perenidade à falta de futuro
talvez só um pouco de ternura, querem ser presente,
mesmo que efêmera felicidade


® Renata Cordeiro

2 comentários:

MARILENE disse...

A colcha de retalhos da vida é costurada por momentos. Alguns deles só se eternizam nas lembranças. Nem tudo é teatro e as emoções são intensamente abraçadas, independente da finitude que se sabe real. Muito belo, Renata!! Bjs.

Elvira Carvalho disse...

Este é um dos mais belos poemas prosa, ou prosa poética que li ultimamente.
Um abraço e bom Domingo