segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

SONETO



SONETO

Paro no tempo, movo-me no espaço,
Ando e viro na curva de uma estrada
Sem começo, sem fim e sem pousada,
E ouço, na sombra, a fuga dos meus passos.

No chão vermelho, caem do azul lasso
Só lágrimas de tempo concentradas
Que são por filtro mágico passadas,
Gotejando nos múltiplos cansaços.

Amortalha-me o espesso véu da noite,
Estou só e não tenho quem me acoite,
E ninguém pode ouvir o meu lamento.

Corro, respiro, busco uma saída,
Mas me apunhala toda a dor da vida,
E mergulho no sumo esquecimento.

Renata Cordeiro

Um comentário:

Elvira Carvalho disse...

Penso que é a primeira vez que leio um poema seu. E logo um soneto o suprassumo dos poemas.
Gostei
Um abraço